Era comum pessoas virem à loja mau intencionadas. Minha irmã conta que presenciou uma cena de uma Senhora com suas filhas que veio a loja e ia saindo com o retalho enfiado na bolsa quando foi abordada por vovó para pagar ou devolver o tecido.
Os anos foram passando e os interesses foram mudando, meu avô trabalhava muito na roça e ficava pouco na loja. Quem ficava na loja era minha avó Clothildes pois meus pais haviam comprado um terreno na rua Monsenhor Pedrinha aonde abriram o Supermercado Santa Mônica. Então finalmente decidiram fechar a loja. O fechamento da Casa Lopes foi o fim de uma era para a nossa familia.
Seu Joaquim Lopes saiu definitivamente dos negócios deixando por conta de papai, ele continuou responsável ainda pela roça, e isso ele fazia muito bem.
Linhares estava mudando mais uma vez. O comércio estava se expandindo de novo agora apontava para a rua Monsenhor Pedrinha em direção a Br 101.
Quando a Casa Lopes fechou , ficou um grande vazio no térreo do nosso prédio. Mas, as mudanças não pararam por aí, meus avós também mudaram para o novo apartamento na rua Monsenhor Pedrinha, em 1971. Então nosso prédio ficou vazio de vez. Aos poucos tudo mudava, primeiro foi a tia Dalila, depois a loja, depois nossos avós. Era tão bom tê-los por perto! Aos poucos nosso prédio foi ficando vazio. Aquela rua que era a principal de Linhares, com seus lindos canteiros e arborizada, a rua comercial tão movimentada não tinha mais o dinamismo de outrora. O prédio continuava lá, mas faltava a alegria que um dia esteve por ali, e que o tempo levou com sua arte de transformar as coisas. Ficamos nós seis. Mas, não ficamos sozinhos por muito tempo...
O vexame
Cena presenciada por minha irmã Jacqueline na infância, quando ela me contou há alguns anos esta passagem fiz este desenho em crayon para ilustrar a cena.