segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Dona Maria, a lavadeira

Quando eu era pequena, antes ainda do meu irmão mais novo nascer, talvez ainda por volta de 1970, minha mãe tinha uma lavadeira que se chamava Maria.
Toda segunda-feira lá em casa era dia de preparar a roupa pois a lavadeira vinha buscar. Lembro da minha mãe preparando aquela pilha de roupa numa grande trouxa, e uma vez por mês minha mãe entregava à Dona Maria um quilo de sabão em barra e uma caixa de sabão em pó OMO, era o sabão para lavar as nossas roupas por um mês. E lá vinha Dona Maria buscar a trouxa. Ela era uma mulher baixinha, redondinha e não tinha dentes, sempre de bom humor e com aquele sorriso largo e simpático. Muito conversadeira ela sabia do desejo da minha mãe ter um filho homem, após três meninas na casa ela sabia que Dona "Iaiá"( na verdade minha mãe se chama Naiah) era louca pra ter um menino. Mas Dona Maria estava muito satisfeita pois ela já  tinha o seu menino que devia ter cerca dez anos.  Assim um dia ela nos convidou para o aniversário do seu filho. 
Ela morava numa casinha branca, no centro de Linhares.Casinha humilde duas janelinhas na frente, uma porta no meio, não tinha nem muro nem cerca, tinha um pequeno degrau de madeira na frente da porta. Nesta época eu devia ter cerca de três ou quatro anos, mas tenho boa memória então me lembro de muita coisa. O bolo era branco, redondo e tinha um boneco em cima , representando o aniversariante. Ali chegamos e sentamos na pequena sala ao redor do bolo, mas para mim tudo parecia tão longo e enfadonho pois nada acontecia ficamos olhando o bolo até que finalmente fomos embora, não tenho lembrança do bolo sendo cortado. 
O tempo passou minha mãe mudou de lavadeira, era muito comum mudar de lavadeira, parecia que depois de um tempo não dava mais certo. Minha mãe engravidou e teve o tão esperado menino a notícia correu em Linhares, finalmente Dona Naiah teve o menino tão desejado. 
Havia  muito tempo que não víamos a Dona Maria.
Foi então que um dia mamãe estava passando de carro pela rua,eu e minhas irmãs sentadas atrás,e lá vinha ela que quando viu Dona "Iaiá"não hesitou e fez sinal para parar,aí com aquele seu sorriso largo  e ingênuo na maior  demonstração de alegria soltou a frase que nos fez achar graça e tornou-se inesquecível na família: 
      - Dona "Iaiá" quero te dar os parabéns! Até que enfim a Senhora teve um OMO.

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