quarta-feira, 9 de março de 2016

Avenida João Felipe Calmon, 454

Este era o nosso endereço  em Linhares,  o nosso e o de muitos que moraram no nosso prédio ao longo dos anos. Os nossos vizinhos foram inesquecíveis pois cada um  que por alí passou trouxe algo consigo  e quando cada um se  foi  deixou algum fato que de alguma forma marcou nossas vidas. Vou tentar enumerar aqui alguns moradores talvez algum me escape.
A primeira de todas e a mais querida que tornou-se  membro da família  tia Dalila, pessoa maravilhosa que já tive oportunidade de descrever aqui no Blog anteriormente. Depois que ela se mudou o seu quarto foi alugado para uma juiz, um  Senhor muito gentil, lembro muito bem dele, mas não lembro o seu nome. Num dos apartamentos  no segundo do andar morou um casal Maria José  e Fabiano,  ela era professora e dava aulas particulares para as minhas irmãs. Tia Marly e Tio Marísio também moraram neste apartamento com Masterson ainda pequenininho foram contemporâneos da Tia Dalila. Mais tarde no apartamento ao lado moraram outro casal, Seu Souza e Dona Cleusa, ele era bancário e tinham dois filhos muito bonitinhos, Cláudio e Flávia eles eram menores que eu, mas não brincávamos muito pois Dona Cleusa era muito severa e não deixava eles saírem. Todo mundo dizia que o Cláudio era meu namorado, e eu detestava essa brincadeira. Quando o Cláudio foi estudar no Castelo Branco o Seu Souza nos levava pra escola no seu fusquinha. Um belo dia o seu Souza ganhou na loteria, então compraram uma casa e se foram como tantos outros moradores do prédio.  As vezes o prédio ficava vazio, só nos morávamos lá, desse modo juntávamos a turma de primas e íamos brincar de pique-esconde nos apartamentos. Mamãe se via doida  com aquela algazarra de criança correndo e gritando:

-  1,2,3, bóia....1,2,3, bóia

Quando ela não aguentava mais  botava um fim na brincadeira.
Quando a Casa Lopes fechou e a loja ficou vazia, um certo inquilino amicíssimo de papai,  Seu Brandão , pediu por ocasiāo de sua mudança, ele morava no segundo andar, para armazenar na loja, então vazia, o guarda-roupa que era  muito grande e não coube no transporte, ele mandaria buscar depois. Até hoje eu  não entendo como esse guarda-roupas ficou guardado montado.  O tal caminhão que vinha buscar demorou muito tempo, então nós crianças criativas que éramos, inventamos uma brincadeira. Mais uma vez juntávamos as primadas  e íamos brincar de casinha, dentro do guarda-roupas  cada porta era uma casa, a parte da calceira eram dois apartamentos menores, escrevendo estas linhas sou capaz de ouvir o eco do abre e fecha das portas dentro daquela loja enorme e vazia. Um dia, esse guarda-roupas caiu e foi um  deus-nos-acuda com criança presa dentro.  Acho que nosso anjo da guarda era muito forte pois ninguém se machucou, mas, o guarda-roupas,  esse coitado ficou todo empenado e depenado. Não sei como papai saiu dessa saia justa quando seu Brandão  finalmente veio buscar o guarda-roupas. 
A loja vazia não demorou muito foi alugada para o depósito de trigo do Grupo Buaiz. Foram muitos anos de poeira branca de trigo sobre os móveis. 
Os meus avós mudaram para seu novo apartamento  na rua Monsenhor Pedrinha aproximadamente em 1971 ,e logo o apartamento vazio foi alugado para uma família que morou no prédio por  muitos anos. Mas, esta família merece um capítulo especial , que estarei contando em breve no Recordar é Viver.
Assim  era a dinâmica do nosso prédio,  sempre tinha alguém chegando ou saindo. Assim eram nosso vizinhos quando chegavam aos poucos iam se instalando e fazendo parte na nossa vida, e quando iam sempre deixavam um vazio que era preenchido pelas boas lembranças e saudades no imaginário  de quem ficava no inesquecível  e velho endereço Av. João Felipe Calmon, 454.



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