"Senta um pouco comadre, já vou te preparar um café"
Foto:vejamairi.blogspot.ca
A vovó Aracy tinha uns parentes que moravam lá no Pontal da Inveja, Dona Martilina e Seu João Vicente.Este era um sítio que mais tarde veio a pertencer ao meu avô paterno, mas nesse tempo dos idos 50 era propriedade desse casal que lá vivia com seus filhos.
Naquele tempo o transporte mais certo eram as próprias pernas, não tinha carroça , nem ônibus, contava-se consigo mesmo para ir e vir. Esta propriedade ficava às margens do Rio Doce e para chegar lá atravessava-se o Rio Pequeno e pegava-se a estrada como quem vai para Rio Bananal cerca de uma hora de caminhada.
Dona Aracy ia para passar uns dias no sítio acompanhada de seus filhos Naiah e Márcio. Sem conversar muito para manter o ritmo da caminhada a Naiazinha e o pequeno Márcio iam correndo na frente. Depois de muito cansaço, poeira e muita sede avistavam lá de longe a casa da comadre Augusta que ficava pouco antes do destino.
Quando finalmente chegaram a comadre Augusta estava na porta da casa e logo os saudava com alegria:
- Bom dia comadre. Que satisfação!
- Bom dia Augusta. Estou exausta. Tivemos que subir essa ladeira toda, com esse poeirão bravo. Temos que andar depressa. Quero chegar cedo.
-Se preocupa não comadre, ainda está cedo. Vamos entrando, senta um pouco tome um gole d'água e já vou te preparar um café.
Após oferecer o café ela sumiu lá prá dentro a Dona Aracy sentou-se, deu água às crianças e ficou a espera do café.
E o tempo passou, passou e passou. A comadre Augusta apareceu mas nada do café. Então a Augusta sumiu de novo, aí a Dona Aracy pensou:
- "Acho que ela foi buscar o café."
Como o café não aparecia Dona Aracy falou:
- Ah! Augusta, esse café não sai. Não posso mais esperar.
Augusta então dizia:
- Espera mais um pouquinho, vamos conversar. O café já vai sair num instante
- A comadre me desculpe mas não posso esperar mais não. Disse Dona Aracy
E foi-se embora com as crianças. No caminho ia pensando:
- "Que diacho é esse tal de café de Augusta que não fica pronto."
Continuando a caminhada pela picada, encontraram o filho da comadre Augusta que vinha correndo com um pacotinho de café na mão. Acredita-se que ele ia buscar o café la na casa da Dona Martilina que era para onde eles estavam indo.
Esta estória foi tão contada e recontada na nossa família que toda vez que alguém vai fazer um café e que demora muito a gente fala que está fazendoo o "café de Augusta."
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