terça-feira, 19 de janeiro de 2016

O terceiro verão na Barra

Este é o ultimo verão que tem sequência, 1974. Pois, depois deste foram tantos que eu perdi o fio da meada. Mas, aí vai mais estórias dos verões barrenses.
Desta vez meus pais alugaram uma casa que ficava mais distante da praia. Não sei se hoje seria capaz de encontrar a casa. A dona da casa ficou estabelecida numa casinha menor no fundo do quintal.
Quando chegamos ficamos bastante contentes pois a casa tinha um quintal com um pé de cajá que estava apinhado. Acostumadas a subir em árvores que éramos, logo pegamos intimidade com o cajazeiro. Mas a dona da casa não ficou nada satisfeita de nos ver desfrutando dos cajás.
 Um belo dia quando chegamos da praia encontramos o cajazeiro ao chão. Ela mandou cortar tudo. Não sobrou nada, nem um galho do cajazeiro pra contar a estória.
Mas isso não nos impediu de subir em árvores nem de comer frutas. Havia uma chácara em frente e que tinha tudo quanto era fruta: goiaba, manga, côco, caju e muitas outras. Logo fizemos amizade com outras crianças e os donos da chácara não se importavam da criançada no pomar.
Papai e mamãe eram bastante animados e gostavam de pescaria. Então íamos munidos de puçá e samburá para o pontilhão, nesse tempo nao havia cabana no pontilhão, era lá que íamos para pegar sirí ou íamos pescar na Bugia, lugar que hoje não existe mais, pois foi engolido pelas águas.
Num fim de semana quando as primas vieram estávamos perambulando pela cidade quando passaram de Jeep Júlio e Tamara e nos levaram para uma volta na praia. A maré estava bem baixa , aquela praia grande, subimos todas no Jeep e Júlio ia dirigindo fazendo vai-e-vem , dando voltas, aquela brisa boa de verão batendo, cabelos ao vento, muitos risos e gargalhadas. Quando ele seguiu para sair da praia e pegar a rua estavam dois policiais a espera. Pediram os documentos e como estava tudo certo disse que seria obrigado a multar por excesso de passageiros.
Foi neste ano também, que por ocasiao do meu aniversário as meninas fizeram um bolo para mim. Convidaram a criançada  da vizinhança, eu estava muito feliz até quando cantaram o parabéns.  Mas, quando cortaram o bolo não deram o primeiro pedaço para mim, tinha uma convidada japonesinha, muito bonitinha deram o bolo para ela. A festa para mim acabou alí.
A Barra era uma delícia, eu adorava as tardes de marés baixas. Às vezes Idalécia levava a gente para a praia no fim da tarde, depois mamãe ia se encontrar com a gente de bicicleta. Catávamos estrelas do mar e  tatuzinho, fazíamos muitos castelos de areia nas poças de água morna e depois de muito se divertir era muito bom voltar para casa na garupa da bicicleta sentindo no rosto a brisa cálida que vinha do mar.
Assim eram os nossos verões da Barra, assim era a nossa doce infância.

"...eu adorava as tardes de marés baixas." 

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