segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

As lavadeiras e a boiada

Essa é das antigas. É dos tempos do seu Quincas Calmon, lá pelos anos 40 ,  minha mãe ouvia contar essa estória quando criança.
Todo ano na época das cheias o seu Quincas retirava o seu gado dos pastos que iriam se alagar. O rebanho era grande. Vinha lá da estrada do Bananal atravessava o rio Pequeno depois o rio Doce e era levado para  uma outra outra fazenda a qual não se alagava durante as cheias depois que passava a cheia ele voltava com o rebanho de novo para a suas terras.  Desse modo, essa transferência de boiada era conhecida e esperada, todo mundo sabia que ela vinha e voltava, era um grande evento e todo mundo fica esperando esse dia.
Naquele tempo, era muito comum as lavadeiras lavarem as roupas no rio Pequeno. Mas a notícia que a boiada ia passar a qualquer momento estava as deixando inquietas. Lava ou não lava? E se a boiada passar? Vai levantar aquele poeirão e vai sujar tudo. E a hora já se adiantava ,a boiada não passava e as lavadeiras de braços cruzados esperando. Foi quando finalmente elas começaram a labuta, convencidas de que a boiada não vinha naquele dia.
Lavavam grandes lençóis brancos  e estendiam na relva para secar. De vez em quando alguém olhava la para as bandas da estrada e nada. Então ficaram  tranquilas e até esqueceram da boiada.
De repente , uma delas dá um grito: 

- Válha-me Deus! Nossa Senhora! 

E a lavadeira pôs-se a correr a ladeira das pedras acima.
As outras lavadeiras, não mais do que depressa embolaram os seus lençóis desesperadamente jogando dentro das bacias na esperança de salvarem o trabalho até então executado. Foi aquela confusão de gente correndo, catando cavaco, procurando as bacias, catando roupa e salve-se quem puder!
Foi quando então, que as lavadeiras olharam para a estrada e se deram conta que não havia poeira e nem boiada.
Quando olharam para a ladeira foi que entenderam o que estava acontecendo e ficaram muito aborrecidas.
A tal lavadeira que subiu a ladeira acima correndo e gritando vinha toda risonha abraçada ao seu mancebo que tinha acabado de chegar de viagem.

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