quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

O mini-bugue

Meu pai se chamava Eldon Lopes Louzada, muito conhecido em Linhares por ser comerciante. Mas havia uma característica nele que ultrapassava qualquer outra qualidade boa ou ruim que ele pudesse ter. Ele era "Eldon,o eterno jovem".
Pois então, ele comprou um mini-bugue , nāo sei bem que ano talvez 1977 ou 1978.
Quando meu pai apareceu em casa com aquele mini-bugue fomos à loucura. Era um Fapinha em fibra de vidro. Cor laranja e uns detalhes em preto. Cabiam apenas duas pessoas.Todo mundo queria dar uma volta. 
No começo ele passeava com a gente. Mas nós queríamos mais. Queríamos dirigir o bugue. Então, ele começou a nos ensinar a dirigir aos domingos num terreno baldio, muito grande , que havia ao lado da nossa casa na Avenida João Felipe Calmon. Ficávamos dando voltas e voltas, eu , minhas irmãs e primas . O negócio virou atração na cidade. Enquanto a gente estava dando nossas voltas, todo mundo que passava queria parar para ver, juntava aquela multidão. Principalmente os meninos, os vendedores de picolé e os marmanjos também.
No fim de semana seguinte,quando meu pai foi dar a volta dominical no seu bugue no terreno,os meninos começaram a pedir para dirigir e queriam pagar para dar a volta. Lembro de papai chegando em casa com os bolsos cheios de dinheiro.
Ele vivia passeando com seu mini-bugue, foi quando ele foi nas festividades de inauguração da ponte do Interlagos(se é que um aterro pode se chamar de ponte)e um caminhão dando ré escapou de passar por cima por que não tinha visto. Foi por pouco!
Quando o verão chegou fomos nós para Conceição da Barra passar a temporada, é claro que o bugue foi também. Minhas irmãs adolescentes não largavam o bugue por nada, era até difícil para mim chegar perto de tão disputado. Mas de vez em quando tinha a chance . Andávamos com ele na beira da praia quando a maré estava bem baixa.
No fim do verão tínhamos que voltar para casa em Linhares. Não me lembro como o bugue chegou na Barra mas o retorno para Linhares foi inesquecível.
Papai tinha um Chevete branco, ele pegou umas cordas e amarrou esse bugue em cima. Ele entrou no carro e partiu rumo a Linhares, Masterson e Sheyla estavam indo de carona. Dizem que a viagem ia tranquila, mas papai gostava de correr um pouco, num certo ponto, numa curva as cordas não aguentaram. Arrebentaram levando o bugue pelos ares. O bugue ficou em estado irreparável.
Então, assim sem conserto , a sucata do bugue foi transferida para o nosso quintal aonde olhávamos com tristeza aquele que nos proporcionou tanta alegria e agora fazia parte apenas de nossas boas memórias.


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